MINHAS METAS
  1. Meta 1: explicar sobre a palavra Psicometria e sua origem.

  2. Meta 2: explicar para o que ela serve. 

  3. Meta 3: como a Psicometria é utilizada na Psicologia.

  4. Meta 4: como ela foi vinculada aos testes psicológicos.

  5. Meta 5: como o psicólogo utiliza a Psicometria.

  6. Meta 6: qual sua importância para os testes psicológicos.

  7. Meta 7: tirar dúvidas referentes a esses contextos.

Inicie sua Jornada

Imagine que você é um psicólogo recém-formado e está trabalhando em uma clínica que atende pacientes com diferentes demandas psicológicas. Certo dia, você recebe um pedido de avaliação psicológica de um paciente que deseja entender melhor suas habilidades cognitivas e traços de personalidade para fins de orientação profissional. Ao se deparar com esse pedido, surge uma questão: 

Como selecionar os testes psicológicos mais adequados para fornecer uma avaliação precisa e confiável? Além disso, como garantir que esses instrumentos realmente medem o que se propõem a medir, sem interferências externas ou vieses? 

Essa situação ilustra um dos desafios centrais na Psicometria: a escolha e aplicação correta de instrumentos de avaliação psicológica.

A resolução desse tipo de problema é essencial para a prática do psicólogo, pois a escolha inadequada de testes ou a má interpretação de resultados pode levar a diagnósticos equivocados e, consequentemente, intervenções inadequadas. Além disso, um entendimento sólido sobre os conceitos básicos de Psicometria – como validade, fidedignidade e padronização – é crucial para garantir que as avaliações psicológicas sejam cientificamente fundamentadas e eticamente responsáveis. 

Saber como selecionar e interpretar os instrumentos corretos tem implicações diretas na qualidade do trabalho do psicólogo e nos resultados para os pacientes.

Em situações práticas, os estudantes de Psicologia poderão vivenciar a importância da Psicometria em contextos como:

  • Aplicação de testes para orientação vocacional, em que a escolha adequada dos instrumentos impacta diretamente a vida futura de um jovem que busca entender suas aptidões.
  • No Psicodiagnóstico (área clínica), ao realizar uma avaliação de personalidade, em que um instrumento que não seja bem escolhido ou bem interpretado pode distorcer a compreensão dos traços psicológicos de um paciente.
  • Na pesquisa acadêmica, em que o uso de testes válidos e confiáveis é fundamental para garantir que os dados coletados reflitam com precisão o fenômeno estudado.
  • Dentre outros.

Ao refletirmos sobre a importância da Psicometria, percebemos que ela está presente em diversos aspectos da prática psicológica. As avaliações baseadas em testes psicológicos são amplamente utilizadas, mas sua eficácia depende de um entendimento profundo de como esses instrumentos funcionam. 

Como futuros psicólogos, é necessário questionar: 

  • Quais são as limitações dos testes que usamos? 
  • Como podemos garantir que as avaliações sejam justas e inclusivas? 
  • E, em um contexto mais amplo, como a Psicometria pode continuar a evoluir para atender às demandas de uma sociedade em constante mudança?

PLAY NO CONHECIMENTO

Ouça um podcast sobre Psicometria: fundamentos e aplicações na Psicologia.

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EM FOCO

Para completar seus estudos, assista aqui o vídeo Conceitos Básicos de Psicometria sobre a temática.

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A Psicometria é um campo fundamental para a prática da Psicologia, pois envolve o estudo e a aplicação de métodos de medição psicológica por meio de testes, questionários e avaliações. Neste e-book, você será introduzido aos conceitos básicos da Psicometria, porque a Psicometria foi criada, o que é Psicometria, para que serve a Psicometria e como ela é utilizada na Psicologia.

 Esses princípios são essenciais para que o psicólogo entenda o porquê de estudar sobre essa temática, contribuindo para diagnósticos e intervenções mais eficazes em diversas áreas da Psicologia.

1 CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOMETRIA

A Psicometria, como campo de estudo, tem raízes na psicofísica, desenvolvida pelos psicólogos alemães Ernst Heinrich Weber e Gustav Fechner. O inglês Francis Galton também desempenhou um papel importante nesse desenvolvimento ao criar testes para avaliar processos mentais, sendo frequentemente reconhecido como o fundador da Psicometria. No entanto, foi Leon Louis Thurstone, responsável pela criação da análise fatorial múltipla, quem deu uma nova direção à Psicometria, separando-a da psicofísica. Enquanto a psicofísica se concentrava em medir fenômenos diretamente observáveis, como estímulo e resposta, a Psicometria se propunha a medir o comportamento por meio de processos mentais, de acordo com a lei do julgamento comparativo.

Do ponto de vista etimológico, a Psicometria se refere à teoria e às técnicas de mensuração dos processos mentais, com aplicação predominante nos campos da Psicologia e Educação. Sua base está na teoria da medição utilizada nas ciências em geral, ou seja, em um método quantitativo que se destaca por oferecer uma representação mais precisa da realidade natural do que a descrição feita por meio da linguagem comum ao observar fenômenos.

VAMOS RECORDAR

Com isso, você já se perguntou como são escolhidos os testes psicológicos que usamos na prática? Ou como garantir que esses instrumentos realmente medem o que precisam medir? Neste vídeo, você vai entender a importância dos conceitos básicos de Psicometria e como eles impactam diretamente a vida profissional de um psicólogo. Não perca a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos e garantir que suas avaliações sejam sempre éticas, precisas e confiáveis!

Clique aqui e confira! 

1.1 POR QUE A PSICOMETRIA FOI CRIADA?

A Psicometria atual não pode ser entendida sem atentar para os antecedentes e as origens históricas dos testes psicológicos e da medição da inteligência. No entanto, os primeiros testes datam de muito antes do que você provavelmente imagina.

Por volta de 2.200 a.C., um imperador na China ordenou que os funcionários de seu governo fossem examinados a cada 3 anos para determinar se eram adequados para os seus cargos. Com isso, esses testes continuaram a ser realizados, sendo aperfeiçoados com o passar do tempo. Contudo, somente na Dinastia Han (200 d.C.) esses procedimentos foram validados (Villasante; Paula, 2022).

A Psicologia Experimental começou a florescer no final do século XIX na Europa continental e na Grã-Bretanha. É nessa época que a Psicologia começou a se distanciar do subjetivismo e da introspecção que vinha sendo seguida até o momento (Villasante; Paula, 2022). Assim, as capacidades humanas começam a ser testadas em laboratórios e os pesquisadores começam a usar procedimentos objetivos.

  • Mas quem impulsionou essas mudanças? 

Em sua maioria, foram psicólogos conhecidos, como Wundt, Galton, Cattell e Wissler. Eles mostraram que era possível expor a mente à medição científica. Foi nesse momento que o nascimento da Psicometria começou a ser visto.

O experimento de Wundt, pai da Psicologia, foi realizado com uma espécie de medidor do pensamento. Esse instrumento era um pêndulo calibrado com agulhas projetando-se de cada lado. O pêndulo balançava de um lado para o outro, batendo nos sinos com as agulhas (Villasante; Paula, 2022).

Figura 1 – Wilhelm Wundt (1832-1920)

Fonte: Wikimedia Commons (2024).

#ParaTodosVerem: a imagem em preto e branco mostra Wilhelm Wundt vestindo um terno escuro, camisa branca e gravata borboleta. Ele usa óculos com lentes pequenas e redondas. Além disso, ele está posicionado de perfil, olhando para a esquerda. 

Wilhelm Wundt (1832-1920) foi um fisiologista, psicólogo e filósofo que estabeleceu o primeiro laboratório de Psicologia, em 1879, na cidade de Leipzig, Alemanha. Em seus experimentos, utilizou um dispositivo que funcionava como um medidor do pensamento. Esse equipamento consistia em um pêndulo calibrado com agulhas projetadas em ambos os lados. O pêndulo se movia de um lado para o outro, fazendo contato com sinos por meio das agulhas. A tarefa do observador era registrar a posição do pêndulo quando os sinos soavam (Villasante; Paula, 2022).

Wundt acreditava que a diferença entre a posição registrada do pêndulo e a posição real poderia ser um indicador da velocidade do pensamento do observador. Embora seu método fosse simples, ele foi pioneiro na medição de processos mentais e na identificação das diferenças individuais.

Os primeiros esforços para medir as diferenças individuais focavam em aspectos fisiológicos, como o tempo de reação e a percepção de dor. No entanto, foi Alfred Binet, em 1895, quem fez uma contribuição marcante ao desenvolver medidas para avaliar processos mentais, resultando no primeiro teste de inteligência infantil, criado em parceria com Henri-Simon, chamado de Teste Binet-Simon (Satler, 2008). Esse trabalho influenciou o médico Manuel Bonfim, que, com Joaquim Medeiros, fundou o primeiro serviço de Psicologia aplicada no Brasil, o Laboratório Pedagogium, no Rio de Janeiro, em 1890.

No início do século XX, surgiram dois centros de Psicologia aplicada em São Paulo, fundados em 1906 e 1914, focados em pesquisas sobre aprendizagem. Esses centros usavam testes para avaliar o desenvolvimento mental e habilidades de leitura e escrita (Pasquali, 2016). O primeiro foi organizado por Clemente Quaqlio e estava localizado em uma escola em Amparo (SP). Já em 1914, o psicólogo italiano Ugo Pizzoli ampliou o centro de Psicologia da Praça da República, que mais tarde foi incorporado pela Universidade de São Paulo em 1934 (Pfromm Netto, 1981; Wechsler, 2001).

Figura 2 – Vista aérea de doutor escrevendo relatório diário de paciente

Fonte: Freepik (2024). 

#ParaTodosVerem: a figura mostra uma vista aérea de um médico sentado à mesa, concentrado em escrever no prontuário ou lista de verificação diária de um paciente. Sobre a mesa, estão espalhados itens relacionados ao ambiente médico, como um copo de água, caneta, bloco de anotações e uma ficha de registro. 

Em outras regiões do Brasil, por volta de 1920, também houve avanços importantes na avaliação psicológica. Em Recife, destaca-se o trabalho de Ulysses Pernambuco, que fundou o Instituto de Seleção e Orientação Profissional, depois conhecido como Instituto de Psicologia (Antunes, 2002). Em 1924, Isaias Alves realizou a primeira adaptação da escala Binet-Simon no Brasil (Pasquali, 2001). Em Minas Gerais, a psicóloga russa Helena Antipoff desenvolveu um programa na Fazenda do Rosário para atender crianças com dificuldades de adaptação escolar, usando testes de inteligência de Binet e fichas comportamentais para classificar o nível intelectual, o que levou à criação da Sociedade Pestalozzi em 1932 (Rafante; Lopes, 2008).

A consolidação da Psicometria ocorre com o início da avaliação psicológica. A American Psychological Association (APA) formou em 1895 um comitê especializado na nova tecnologia dos instrumentos de medição. Em 1899, o presidente da APA solicitou que a elaboração de testes fosse feita por psicólogos. Esses testes deveriam ter certas características (Villasante; Paula, 2022).

Os testes deveriam poder ser aplicados a crianças e adultos, e deveriam permitir que todas as pessoas tivessem as mesmas oportunidades de mostrar as habilidades examinadas e que, a fim de economizar tempo, fossem concebidos de forma que pudessem ser administrados a uma classe ou escola de uma só vez (APA, 1899).

A evolução da avaliação psicológica no Brasil pode ser dividida em diferentes etapas. A primeira fase foi marcada por um forte interesse nos testes psicológicos; a segunda enfrentou uma crise de credibilidade e ceticismo; e na terceira, que é a mais recente, observamos um significativo avanço na área (Pasquali, 2010; Wechsler et al., 2014). 

A preocupação com a qualidade da avaliação psicológica também era evidente nas ações dos Conselhos Regionais e Federal de Psicologia. Em 1980-1981, o Conselho Regional de Psicologia-01, localizado em Brasília, promoveu reuniões para estabelecer uma política voltada para a área de testes, com a participação de renomados pesquisadores como Aroldo Rodrigues e Carolina Bori (Pasquali, 2016).

Em 1996, o Conselho Regional de Psicologia-06, em São Paulo, organizou uma reunião para debater a necessidade de pesquisas em avaliação psicológica, reunindo diversas personalidades para desenvolver um anteprojeto que resultaria na criação de um instituto dedicado a essa área de pesquisa. Esse instituto foi inicialmente denominado Instituto Nacional de Avaliação e Pesquisa em Psicologia (INAP) e, posteriormente, recebeu o nome de Instituto Brasileiro de Avaliação e Pesquisa em Psicologia (IBAPP) (Registro Civil de Pessoas Jurídicas, 1997).

PLAY NO CONHECIMENTO

Para aprofundar seus conhecimentos, assista aqui um vídeo sobre a temática Psicometria na Psicologia.

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2 O QUE É PSICOMETRIA

Psicometria é o campo de estudo relacionado com a teoria e técnica da medição psicológica, incluindo a medição de conhecimentos, habilidades, atitudes e traços de personalidade e a medição educacional. A área está principalmente associada com a construção e validação de instrumentos de medição, como questionários, provas, escalas, inventários e testes, entre outros. 

A Psicometria tem duas tarefas de pesquisa principais: 

  1. A construção de instrumentos e procedimentos de medição, e 

  2. O desenvolvimento e aperfeiçoamento de abordagens teóricas para a medição.

Etimologicamente, a Psicometria se refere à teoria e técnica de medição dos processos mentais, sendo amplamente utilizada na Psicologia e na Educação. Seu alicerce está na teoria da medida, que é baseada em métodos quantitativos, permitindo representar o conhecimento de maneira mais precisa do que o uso de linguagem comum para descrever fenômenos naturais (Pasquali, 2009).

Figura 3 – História da Psicometria

Fonte: elaboração própria (2024).

#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma linha do tempo com eventos importantes na história da Psicologia. Cada evento está associado a uma data e a uma breve descrição do acontecimento. A linha do tempo inclui marcos como a criação do primeiro laboratório experimental por Wundt na Alemanha em 1832, o desenvolvimento de uma vertente de avaliação psicológica em Londres em 1884, a criação do termo "testes mentais" por James Cartell nos EUA em 1890, o desenvolvimento dos primeiros testes de inteligência por Alfred Binet em 1895, e a proposta de Charles Spearman sobre o Fator Geral (Fator G) em 1904.

As raízes da Psicometria estão na psicofísica, campo desenvolvido pelos psicólogos alemães Ernst Heinrich Weber e Gustav Fechner no século XIX. A psicofísica tinha como objetivo medir a relação entre estímulos físicos e a percepção sensorial humana, representando um dos primeiros esforços para quantificar aspectos subjetivos da experiência humana (Pasquali, 2009). 

No final do século XIX, o inglês Francis Galton expandiu esses princípios ao criar testes que mediam processos mentais. Galton foi um dos primeiros a explorar a ideia de que características psicológicas poderiam ser quantificadas, como inteligência e diferenças individuais. Ele é frequentemente considerado o "pai" da Psicometria, pois seus estudos formaram a base do desenvolvimento futuro de testes psicológicos (Pasquali, 2009).

A Psicometria ganhou impulso significativo com o trabalho de Alfred Binet no início do século XX, que desenvolveu o primeiro teste de inteligência para medir as capacidades cognitivas de crianças. Seu trabalho foi crucial para a criação de escalas padronizadas de medição, que posteriormente se tornariam amplamente utilizadas em diversos contextos, especialmente na educação (Pasquali, 2009).

Na década de 1920, Leon Louis Thurstone contribuiu para a Psicometria ao criar a análise fatorial, um método estatístico que permitia identificar as estruturas subjacentes em grandes conjuntos de dados. Thurstone diferenciou a Psicometria da psicofísica ao focar na medida de processos mentais e comportamentos complexos, em vez de estímulos e respostas simples. A análise fatorial tornou-se uma ferramenta central na Psicometria, ajudando a criar escalas e testes que capturam melhor as nuances de habilidades e traços psicológicos (Pasquali, 2009).

Ao longo do século XX, surgiram duas abordagens principais dentro da Psicometria: a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e a Teoria de Resposta ao Item (TRI). A TCT, consolidada por Gulliksen, foca na análise do escore total dos testes, sendo amplamente utilizada em testes de aptidão e inteligência. Já a TRI, desenvolvida inicialmente por Lord e Rasch, foca na análise das respostas individuais aos itens de um teste, permitindo uma avaliação mais precisa do comportamento de cada item separadamente (Pasquali, 2009).

Hoje, a Psicometria abrange dois campos principais: a Psicometria Básica e a Psicometria Aplicada.

Ferramentas psicométricas são amplamente usadas em diversas áreas, incluindo a educação, a seleção de pessoal, a Psicologia clínica e até em políticas públicas. A quantificação de características psicológicas, por meio de testes e escalas, permite uma análise objetiva e comparativa, ajudando a identificar padrões e a validar teorias (Pasquali, 2009).

2.1 TIPOS DE PSICOMETRIA

A Psicometria é uma grande área do saber, que pode ser dividida em, ao menos duas linhas: a Psicometria Básica e a Psicometria Aplicada. A primeira abordagem, chamada de Psicometria Básica, está relacionada ao desenvolvimento e aprimoramento de técnicas e procedimentos de análise de dados, utilizando a matemática e a estatística como fundamentos. 

Os estudos nessa área se concentram em criar e avaliar a eficiência de novos métodos, como técnicas para retenção de fatores, procedimentos para análise de vieses de resposta na Teoria de Resposta ao Item, e novas abordagens para estimar modelos de equações estruturais. Revistas científicas como Psychometrika e Assessment publicam artigos sobre esse tipo de pesquisa (Damásio, 2021).

A segunda abordagem, chamada de Psicometria aplicada, envolve o uso dessas técnicas já desenvolvidas para testar teorias e hipóteses de pesquisa, englobando tanto a validação de instrumentos quanto a análise de relações estruturais entre diferentes variáveis.

Dentre várias possibilidades de análise de dados, destaca-se, a modelagem por equações estruturais (Structural Equation Modeling – SEM). A modelagem por equações estruturais é um poderoso conjunto de técnicas que alia os procedimentos de análise fatorial e regressão. Por meio dela, é possível investigar a relação estrutural entre diversas variáveis dependentes e independentes em um único modelo (Damásio, 2021).

Por ser uma ciência básica e aplicada, pode-se dizer que toda pesquisa quantitativa em Psicologia, de natureza inferencial, utiliza os conhecimentos da Psicometria. A Psicometria, portanto, é uma grande aliada no desenvolvimento de uma Psicologia baseada em sólidas evidências científicas.

Quadro 1 – Destaque das principais diferenças e complementações entre as duas vertentes da Psicometria

Aspecto

Psicometria Básica

Psicometria Aplicada

Definição

Envolve o desenvolvimento e aprimoramento de métodos, técnicas e procedimentos para análise de dados psicométricos.

Utiliza os métodos e técnicas da Psicometria básica para testar teorias e hipóteses em diferentes áreas de aplicação.

Objetivo

Criar novas ferramentas e modelos matemáticos/estatísticos para melhorar a precisão das medições psicológicas.

Aplicar essas ferramentas e modelos para avaliar e interpretar características e comportamentos em contextos específicos.

Foco

Concentra-se no avanço metodológico, como novos métodos de retenção de fatores, análise de vieses e estimativas mais precisas.

Foca na aplicação de técnicas desenvolvidas para testar relações estruturais entre variáveis psicológicas.

Exemplos de Pesquisa

Desenvolvimento de novos métodos na Teoria de Resposta ao Item (TRI), métodos de estimação para modelagem por equações estruturais.

Validação de instrumentos psicológicos, avaliação de testes de inteligência, personalidade e preferências.

Revistas Científicas

Psychometrika, Journal of Educational and Behavioral Statistics.

Assessment, Journal of Applied Psychology.

Métodos

Usa matemática e estatística para criar ferramentas como escalas de medida e modelos teóricos.

Usa esses métodos para estudar e analisar fenômenos psicológicos concretos e sua relação. com o comportamento humano.

Aplicação

Primordialmente teórica, desenvolvendo técnicas aplicáveis em várias áreas da Psicologia e educação.

Prática, focada em avaliar fenômenos reais como a eficácia de intervenções, desempenho de indivíduos, entre outros.

Fonte: adaptado de Pasquali (2019).

A Psicometria é um ramo da Psicologia voltado para a medição de variáveis psicológicas, como habilidades, traços de personalidade, atitudes e aptidões. Ela é fundamental tanto para a pesquisa acadêmica quanto para a prática profissional em áreas como a educação, o ambiente organizacional e a clínica. A Psicometria utiliza métodos quantitativos para avaliar características humanas, garantindo que as medidas sejam objetivas e confiáveis.

A Psicometria Básica é o campo dedicado ao desenvolvimento de novas técnicas de análise de dados. Baseada em princípios estatísticos e matemáticos, busca aprimorar métodos de medição, garantindo mais precisão e validade nos resultados. Pesquisadores nessa área se concentram em criar novos modelos estatísticos, como a análise de vieses de respostas ou métodos de retenção de fatores em testes. Revistas especializadas, como Psychometrika, são dedicadas a divulgar essas inovações.

A Psicometria Aplicada, por outro lado, utiliza essas ferramentas desenvolvidas pela Psicometria Básica para testar teorias e hipóteses. Pesquisas nessa área focam na validação de instrumentos psicológicos e na análise da relação entre diferentes variáveis, como comportamento, inteligência e traços de personalidade. Por exemplo, ela é amplamente utilizada em avaliações psicológicas, como testes de inteligência, escalas de ansiedade, e até na seleção de pessoal em empresas.

A Psicometria é essencial para garantir que as avaliações psicológicas sejam confiáveis e válidas. Ao utilizar ferramentas psicométricas adequadas, pesquisadores e profissionais conseguem medir com precisão características abstratas, como inteligência ou personalidade, que não são observáveis diretamente. Isso permite uma comunicação mais clara entre psicólogos, psiquiatras e outros profissionais, e fornece uma base sólida para intervenções e tratamentos baseados em dados.

A Psicometria encontra amplas aplicações tanto na educação quanto nas organizações. 

No contexto educacional, ela se destaca na avaliação de desempenho dos alunos e na identificação de dificuldades de aprendizagem, proporcionando insights valiosos para a implementação de estratégias pedagógicas mais eficazes. Nas organizações, a Psicometria é uma ferramenta crucial na seleção de candidatos, ajudando a identificar os perfis mais adequados para cada posição. 

Além disso, ela é utilizada no desenvolvimento de competências, permitindo um mapeamento preciso das habilidades necessárias para o crescimento profissional dos colaboradores, e na avaliação de desempenho, ajudando a alinhar os resultados individuais aos objetivos estratégicos da empresa.

Figura 4 – Etapas da Psicometria

Fonte: elaboração própria (2024).

#ParaTodosVerem: a imagem mostra um fluxograma com 10 etapas numeradas, dispostas em duas colunas, relacionadas ao desenvolvimento de um processo ou projeto. As etapas são apresentadas em caixas azuis com texto branco. As etapas são: definição dos objetivos e do construto; pesquisa teórica e revisão de literatura; desenvolvimento de itens; validação de conteúdo; estudo piloto; análise estatística dos itens; padronização; revisão final e ajustes; aplicação e interpretação dos resultados; monitoramento e reavaliação.

A Psicometria Clínica é uma área fundamental da Psicologia que se dedica à construção, aplicação e análise de testes psicológicos, com o objetivo de avaliar e entender as funções cognitivas e emocionais dos indivíduos. 

VOCÊ SABE RESPONDER?

Quais são as principais áreas de aplicação da Psicometria, e como ela contribui para a avaliação e compreensão dos processos mentais e comportamentais?

No contexto clínico, ela permite a identificação de distúrbios psicológicos e o acompanhamento de processos terapêuticos, sendo uma ferramenta essencial para psicólogos na formulação de diagnósticos e intervenções. 

A Psicometria Clínica busca garantir que os instrumentos utilizados possuam validade e confiabilidade, de modo a oferecer avaliações precisas e éticas (Hutz, 2017; Almeida; Freitas, 2019). Testes como o WAIS, por exemplo, são amplamente usados para mensurar inteligência em contextos clínicos, ajudando a identificar deficiências cognitivas ou outros transtornos (Wechsler, 2001). Além disso, a ética desempenha um papel crucial na Psicometria clínica, pois os testes devem ser aplicados com respeito à privacidade do paciente e com o cuidado necessário para evitar interpretações errôneas que possam prejudicar o processo terapêutico (Hutz; Nunes, 2007).

2 PARA QUE SERVE A PSICOMETRIA E COMO ELA É UTILIZADA NA PSICOLOGIA

A Psicometria é fundamental para mensurar traços que, de outra forma, seriam difíceis de quantificar, como traços de personalidade, habilidades cognitivas e emocionais. 

Em ambientes clínicos, psicólogos utilizam os resultados psicométricos para diagnóstico, planejamento de tratamento e monitoramento da evolução de pacientes. Por exemplo, na identificação de transtornos psicológicos, como depressão ou ansiedade. 

Na Psicologia organizacional, a Psicometria é amplamente usada em processos de recrutamento e seleção. Testes psicométricos ajudam a identificar candidatos com habilidades, competências e traços de personalidade adequados para determinadas funções.

No campo acadêmico, a Psicometria oferece suporte a pesquisadores na validação de teorias e no desenvolvimento de novas medidas e escalas psicológicas.

Mas, como é utilizada na Psicologia? Como são os testes? Confira a seguir!

Como os testes de Quociente de Inteligência (QI) que avaliam o raciocínio lógico, capacidade de resolução de problemas e habilidades cognitivas.

Utilizados para entender padrões comportamentais e emocionais, como o Inventário de Personalidade de Minnesota (MMPI), que auxilia no diagnóstico clínico; Testes de habilidades e aptidões: Empregados em contextos educacionais ou ocupacionais para avaliar capacidades específicas, como testes de raciocínio abstrato, espacial ou linguístico.

Ferramentas para medir níveis de ansiedade, depressão ou estresse, como o Inventário de Depressão de Beck (BDI).

3.1 Divisão moderna da Psicometria

A Psicometria Moderna se divide em duas abordagens principais: a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e; a Teoria de Resposta ao Item (TRI). A TCT foi formalizada por Gulliksen, enquanto a TRI teve suas bases iniciais desenvolvidas por Lord e Rasch, e mais tarde foi sistematizada por Birnbaum e Lord. Em termos gerais, a Psicometria busca interpretar o significado das respostas que os indivíduos dão a uma série de tarefas, comumente chamadas de itens. 

A TCT foca na interpretação do “resultado final” diante das respostas, ou seja, a soma das respostas corretas em uma série de itens, o que chamamos de escore total (T). Por exemplo em um teste de 30 itens de aptidão, o escore seria a soma dos itens respondidos corretamente. Se um indivíduo acertou 20 itens e errou 10, seu escore T seria 20. A pergunta que a TCT faz é: o que esse escore de 20 significa para o indivíduo?

Figura 5 – Exemplo de TCT

Fonte: Dias (2018, p. 2).

#ParaTodosVerem: a imagem apresenta uma tabela intitulada "Classificação e percentual esperado para os índices de dificuldade na TCT", organizada em três colunas: a primeira coluna, "Quantitativo ideal de itens na avaliação (% esperado)", lista as percentagens ideais de itens, variando de 10% a 40%; a segunda coluna, "Índice de dificuldade do item", define os intervalos de dificuldade dos itens, de "Superior a 0,9" até "Até 0,1"; e a terceira coluna, "Classificação do item em relação ao índice de dificuldade", classifica os itens em "Muito fáceis", "Fáceis", "Medianos", "Difíceis", e "Muito difíceis", proporcionando uma visão clara da distribuição esperada dos índices de dificuldade em uma avaliação.

Já a TRI não está focada no escore total, mas sim nas características de cada item individual. Ela investiga a probabilidade e os fatores que influenciam o acerto ou erro de cada item (em testes de aptidão) ou a aceitação ou rejeição (em testes de preferências, como personalidade, interesses ou atitudes). Um exemplo prático de aplicação da TRI pode ser observado em testes como o Teste de Personalidade NEO-PI-R, que mede os traços de personalidade com base no modelo dos Cinco Grandes Fatores (Big Five).

Nesse teste, cada item é uma afirmação que o respondente deve avaliar em termos de concordância (por exemplo, "Eu me considero uma pessoa organizada"). A TRI, nesse contexto, pode ser usada para modelar a probabilidade de um indivíduo concordar ou discordar de cada afirmação com base em características latentes, como a tendência de ser organizado (traço de conscienciosidade).

A TRI leva em conta a discriminação do item (quão bem o item diferencia pessoas com diferentes níveis de conscienciosidade), a dificuldade (ou nível de traço necessário para concordar com a afirmação), e outros fatores como adivinhação em testes de múltipla escolha. Assim, em vez de focar no total de respostas corretas ou escolhidas, a TRI avalia as respostas com base nas características desses itens e na relação deles com o traço latente medido (Abdon, 2024)

Enquanto a TCT se preocupa em produzir testes de alta qualidade, a TRI está mais interessada na qualidade de cada item específico. No final, a TCT busca criar testes válidos, e a TRI se dedica a desenvolver itens válidos que possam ser utilizados na construção de diversos testes confiáveis, dependendo da quantidade disponível. A grande vantagem da TRI é a possibilidade de construir um banco de itens válidos, permitindo a criação contínua de novos testes para avaliar diferentes traços psicológicos ou educacionais.

Aqui está um quadro que diferencia os elementos da TCT e da TRI com foco na análise das características dos itens:

Quadro 2 – Diferenças entre TCT e TRI

Aspecto

Teoria Clássica dos Testes (TCT)

Teoria de Resposta ao Item (TRI)

Foco de Análise

Escore total do teste.

Características individuais de cada item (dificuldade, discriminação etc.).

Medição do Desempenho

Baseada na soma de respostas corretas (ou aceitas) no teste como um todo.

Baseada na probabilidade de acerto/rejeição de cada item, considerando a habilidade ou traço latente do respondente.

Probabilidade de Acerto/Erro

Não é diretamente considerada, avalia apenas a resposta correta ou incorreta.

Avalia a probabilidade de acerto/erro para cada item com base em variáveis específicas.

Características do Item

Não consideradas de forma explícita.

Considera três parâmetros principais: dificuldade, discriminação e adivinhação (em alguns modelos).

Dificuldade do Item

Não diferenciada; todos os itens contribuem igualmente para o escore total.

Avalia a dificuldade de cada item separadamente, diferenciando itens fáceis e difíceis.

Discriminação do Item

Não considerada.

Mede a capacidade do item de diferenciar entre indivíduos com diferentes níveis de habilidade ou traço latente.

Fator de Adivinhação

Ignorado.

Considera o quanto a chance de adivinhação pode influenciar o acerto de itens de múltipla escolha.

Aplicação em Testes de Aptidão

Baseada no número total de acertos.

Avalia a habilidade do indivíduo em acertar itens de diferentes níveis de dificuldade.

Aplicação em Testes de Preferências

Avalia a concordância/rejeição de forma simples, somando respostas.

Modela a probabilidade de aceitação/rejeição de cada item, considerando características individuais e o traço latente do respondente.

Fonte: elaboração própria (2024).

A quantificação na Psicologia é apoiada por várias razões. Primeiramente, os escores gerados por instrumentos psicométricos permitem o teste empírico de hipóteses e a avaliação da validade de modelos teóricos (Hutz; Bandeira; TrentinI, 2015). 

Segundo Karl Popper (1959), a ciência requer que modelos e hipóteses sejam formulados de forma que possam ser testados; isso significa que as explicações teóricas devem ser confrontadas com a realidade. 

Essa abordagem facilita a identificação de qual entre várias explicações para um fenômeno específico se alinha melhor aos dados, permitindo descartar gradualmente os modelos incorretos (Hutz; Bandeira; TrentinI, 2015). Por exemplo, deve-se considerar se o fenótipo psicopático resulta de uma deficiência na experiência do medo (Lykken, 1995) ou de dificuldades no processamento de estímulos periféricos em relação ao foco atencional (Wallace; Newman, 2008).

Métodos quantitativos podem auxiliar os pesquisadores a responder questões centrais como essa, aprofundando a compreensão do tema. Além disso, muitas práticas psicológicas são fundamentadas em pesquisas que utilizaram instrumentos psicométricos.

Outro motivo relevante é a avaliação da eficácia das intervenções

Hans Eysenck (1953) foi um dos primeiros a enfatizar a necessidade de investigar a efetividade das psicoterapias de forma empírica. O Código de Ética Profissional do Psicólogo estabelece que é responsabilidade do profissional “(...) prestar serviços psicológicos de qualidade (...), utilizando princípios, conhecimentos e técnicas fundamentados na ciência psicológica” (Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2005, p. 8). Assim, é de interesse tanto dos psicólogos quanto da sociedade compreender quais intervenções são mais eficazes no tratamento de condições psicológicas ou psiquiátricas (Hutz; Bandeira; TrentinI, 2015).

Para isso, são necessárias investigações empíricas, especialmente ensaios clínicos randomizados, muitos dos quais dependem da avaliação quantitativa de variáveis psicológicas. Modelos derivados de experimentos bem conduzidos são fundamentais para entender implicações causais sobre fenômenos psicológicos e sociais (Antonakis et al., 2010). 

Se aplica também, à avaliação de políticas públicas: saber se um determinado plano de intervenção traz benefícios à população muitas vezes depende de boas avaliações psicométricas de fatores como qualidade de vida, bem-estar subjetivo e psicopatologia.

Outro motivo significativo para a quantificação na Psicologia é a reprodutibilidade. Um exemplo notório é o do pesquisador holandês Diederik Stapel, que publicou vários estudos na área de Psicologia social com dados manipulados (alterados) para alcançar os resultados esperados, consideradas hoje como crime. Para evitar tais situações, a comunidade acadêmica tem exigido cada vez mais que os estudos científicos sejam reproduzíveis, incentivando a disponibilização pública de bancos de dados e outras informações. A quantificação facilita essa reprodutibilidade, pois bancos de dados e análises quantitativas podem ser verificados por outros pesquisadores, permitindo uma crítica mais rigorosa das conclusões das pesquisas. Dessa forma, no mundo da Psicologia, foi criado o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI). 

APROFUNDANDO

Quantificação não é desumanização! Muitas pessoas acreditam que a quantificação pode reduzir um ser humano a meras estatísticas. No entanto, a quantificação busca entender características específicas, ajudando a destacar a singularidade de cada indivíduo em vez de desumanizá-lo. Há a percepção de que um escore em um teste psicométrico define completamente uma pessoa. Existe a ideia errônea de que qualquer instrumento de medida é válido. Na realidade, a validade e a confiabilidade dos testes psicométricos são fundamentais para garantir que os resultados sejam significativos e úteis.

Embora as avaliações psicométricas apresentem limitações, as vantagens da quantificação na Psicologia justificam seu uso tanto para fins teóricos quanto práticos. É importante destacar que uma medida não se dirige a um objeto, mas sim a uma propriedade desse objeto, ou seja, a quantificação na Psicologia não visa o ser humano em sua totalidade, mas sim características específicas.

3.2 Uso na Psicologia

Profissionais da Psicologia que atuam como psicometristas são cientistas dedicados ao desenvolvimento de testes com o intuito de avaliar diversas características humanas. Desde sua criação, essa área tem experimentado um crescimento significativo.

Figura 6 – Psicometria no estudo da personalidade

Fonte: Pexels (2024).

#ParaTodosVerem: a imagem mostra duas pessoas sentadas em um sofá ou cadeira, com uma segurando uma prancheta que tem uma folha de papel com uma imagem de um borrão de tinta. O borrão de tinta parece ser um padrão simétrico, comumente associado aos testes de borrão de tinta de Rorschach usados em avaliações psicológicas.

Os testes psicométricos são amplamente utilizados em escolas, organizações, empresas, governos, forças armadas e, naturalmente, em ambientes hospitalares e clínicos.

Nos últimos 10 anos, a avaliação psicológica no Brasil experimentou um significativo avanço. O nível de progresso atingido no país é inigualável em toda a América do Sul, sugerindo que o Brasil pode servir como um modelo para outras nações da região (Wechsler et al., 2014). Contudo, ainda há muito a ser realizado para alcançar os padrões de países desenvolvidos, especialmente no que diz respeito às características dos instrumentos, à capacitação de docentes e pesquisadores e à preparação dos psicólogos para aprimorar os serviços à sociedade (Geisinger, 2013).

No que tange à melhoria dos instrumentos, nota-se um aumento no uso de análises confirmatórias e da TRI para avaliar a qualidade dos itens e a validade interna dos testes (Primi, 2004, 2010). Entretanto, a testagem adaptativa, que ajusta a dificuldade do teste ao nível do participante, ainda é pouco familiar e raramente aplicada no Brasil. É fundamental também, avançar no desenvolvimento de testes projetivos, que possuem características distintas das técnicas psicométricas, e realizar estudos que investiguem a validade consequencial dos instrumentos, ou seja, a eficácia da avaliação psicológica em promover intervenções mais efetivas para os indivíduos (Primi; Muniz; Nunes, 2009).

Os testes de Psicometria que utilizam figuras geométricas são amplamente utilizados para avaliar habilidades cognitivas, como percepção visual, raciocínio lógico e capacidade de resolução de problemas. Tais testes buscam medir a agilidade mental e a habilidade do indivíduo em organizar e interpretar informações visuais, além de investigar o processamento de padrões geométricos. Um exemplo clássico é o Teste de Figuras Geométricas de Rey, que exige que o indivíduo reproduza figuras geométricas simples e complexas, avaliando tanto a memória visual quanto a capacidade de organização espacial. Estes testes são particularmente eficazes na detecção de déficits cognitivos em crianças e adultos, permitindo a avaliação do desenvolvimento intelectual e a identificação de dificuldades de aprendizagem (Luria, 1981; Hutz, 2017).

A eficácia desses testes se dá por sua capacidade de oferecer uma avaliação objetiva e quantitativa, com um alto grau de padronização na aplicação. A análise dos resultados pode fornecer informações sobre o funcionamento cognitivo, incluindo áreas como a percepção espacial, a memória de trabalho e a atenção. Além disso, o uso de figuras geométricas permite uma avaliação imparcial, minimizando as influências culturais que podem interferir em testes mais verbais. Contudo, a interpretação dos resultados deve ser realizada com cautela, pois a performance em tais testes pode ser influenciada por fatores como ansiedade, motivação e familiaridade com o tipo de tarefa (Wechsler, 2001; Almeida; Freitas, 2019).

Figura 7 – Teste de Psicometria com figuras geométricas

Fonte: Freepik (2024). 

#ParaTodosVerem: a imagem mostra um estêncil amarelo com várias formas geométricas recortadas, colocado sobre um fundo quadriculado. Ao redor do estêncil, há várias formas tridimensionais em diferentes cores, incluindo azul, rosa e amarelo. As formas incluem um quadrado, círculo, triângulo, retângulo, pentágono, trapézio e semicírculo.

Os testes psicométricos são ferramentas utilizadas para medir e avaliar uma variedade de características psicológicas, incluindo inteligência, personalidade, habilidades cognitivas e emocionais. Existem diferentes tipos de testes psicométricos, cada um com seu objetivo e aplicação específica. Entre os mais comuns estão os testes de inteligência, como a Escala de Inteligência Wechsler (WAIS), que avalia capacidades cognitivas gerais, como memória de trabalho, raciocínio lógico e velocidade de processamento. Testes de personalidade, como o Inventário de Personalidade NEO (NEO-PI), medem características persistentes de comportamento, como os cinco grandes fatores da personalidade (neuroticismo, extroversão, abertura, amabilidade e conscienciosidade). Já os testes de habilidades cognitivas, como o Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT), avaliam capacidades de memória e aprendizado (Hutz, 2017; Almeida; Freitas, 2019).

Além disso, os testes psicométricos podem ser classificados em várias categorias, dependendo de sua finalidade. Os testes de habilidade mental, como os usados para medir o QI, focam em aspectos mais estruturados e mensuráveis das funções cognitivas. Testes projetivos, como o Teste de Rorschach, buscam avaliar aspectos inconscientes da personalidade, sendo frequentemente utilizados em contextos clínicos. Os testes psicométricos também são cruciais para o diagnóstico de transtornos psicológicos, como a depressão ou os transtornos de ansiedade, pois ajudam a compreender a extensão de sintomas, bem como as interações entre fatores cognitivos e emocionais. A aplicação e interpretação desses testes devem seguir critérios rigorosos de validade e confiabilidade para garantir resultados precisos e éticos (Wechsler, 2001; Almeida; Freitas, 2019).

Figura 8 – Tipos de testes psicométricos

Fonte: elaboração própria (2024).

#ParaTodosVerem: a imagem mostra cinco caixas retangulares azuis com cantos arredondados. As caixas estão organizadas em duas linhas, com três caixas na linha superior e duas na linha inferior. O texto em cada caixa é o seguinte: 1. testes de inteligência; 2. testes de personalidade; 3. testes de aptidão; 4. testes de habilidades cognitivas; 5. testes neuropsicológicos.

Os fundamentos da Psicometria envolvem os princípios teóricos e metodológicos que orientam a criação e aplicação de testes psicológicos. A Psicometria é essencial para medir características e habilidades psicológicas, como inteligência, personalidade, aptidões cognitivas e emocionais. Um dos conceitos fundamentais da Psicometria é a validade, que garante que um teste realmente mede o que se propõe a medir, seja a inteligência ou a personalidade (Hutz, 2017). Além disso, a confiabilidade é crucial, pois assegura que o teste forneça resultados consistentes e reprodutíveis ao longo do tempo e em diferentes contextos. A padronização também é um princípio importante, pois a aplicação e interpretação dos testes devem seguir procedimentos uniformes para garantir que os resultados possam ser comparados de maneira justa entre diferentes indivíduos ou grupos (Almeida; Freitas, 2019).

Outro aspecto fundamental da Psicometria é a construção de testes, que envolve a elaboração de itens e a determinação de suas propriedades psicométricas, como o índice de dificuldade e a discriminação. A TCT e a TRI são duas abordagens predominantes para avaliar a qualidade dos testes. A TCT foca em indicadores gerais de confiabilidade e validade de um teste, enquanto a TRI se concentra nas propriedades dos itens individuais, permitindo uma análise mais detalhada de como cada questão contribui para a avaliação do construto (Wechsler, 2001; Hutz; Nunes, 2007). Essas abordagens são essenciais para garantir que os testes psicométricos sejam úteis, precisos e éticos na aplicação, oferecendo dados importantes para profissionais da Psicologia e outras áreas da saúde mental.

A Psicometria moderna representa a evolução dos métodos tradicionais de avaliação psicológica, incorporando avanços teóricos e tecnológicos para aumentar a precisão e a aplicabilidade dos testes. A abordagem mais recente na Psicometria é a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que permite uma análise mais detalhada da performance dos indivíduos em testes psicológicos, levando em conta as características dos itens. Diferente da Teoria Clássica dos Testes (TCT), que se concentra em medidas globais de confiabilidade e validade, a TRI oferece insights sobre como cada item do teste discrimina entre diferentes níveis de habilidade ou características do indivíduo (Embretson; Reise, 2000). A Psicometria moderna também se beneficia da computação, permitindo a construção de testes adaptativos computadorizados, que ajustam a dificuldade das questões conforme a resposta do indivíduo, proporcionando uma avaliação mais precisa e eficiente (Weiss, 2015).

Além das inovações metodológicas, a Psicometria moderna também envolve uma maior ênfase na ética e na equidade na aplicação dos testes. A crescente diversidade das populações testadas exige que os instrumentos sejam sensíveis a diferentes contextos culturais, sociais e educacionais, para evitar distorções nos resultados. Testes psicométricos precisam ser rigorosamente avaliados quanto à sua validade para diferentes grupos, garantindo que as medições não sejam enviesadas por fatores externos (Hutz, 2017). 

A Psicometria moderna, portanto, não apenas se preocupa com a melhoria técnica dos testes, mas também com a sua aplicação responsável, garantindo que as avaliações sejam justas e representativas das habilidades e características que buscam medir.

A Psicometria moderna também se distingue pela aplicação de técnicas estatísticas avançadas, como a análise de redes neurais e modelos de aprendizado de máquina, que têm sido exploradas para melhorar a precisão e a personalização dos testes. Tais avanços permitem a criação de modelos preditivos mais complexos, que podem identificar padrões sutis de desempenho e fornecer avaliações mais detalhadas e individualizadas. Além disso, esses métodos estão sendo cada vez mais integrados à Psicometria adaptativa, que permite uma avaliação mais dinâmica e responsiva durante o processo de teste, ajustando as perguntas em tempo real de acordo com as respostas fornecidas pelo participante. Esses desenvolvimentos não só aumentam a acuracidade dos testes, mas também oferecem possibilidades mais eficientes para administrar avaliações em larga escala (Baker, 2001; Reckase, 2009).

Outro aspecto importante da Psicometria moderna é o foco na validação contínua de instrumentos psicométricos. O rigor nos processos de validação busca garantir que os testes sejam sensíveis e adequados a diferentes contextos culturais, linguísticos e socioeconômicos. A validade transcende a simples medição do que o teste foi projetado para avaliar, sendo essencial para assegurar que os testes não sejam apenas confiáveis, mas também relevantes e apropriados para populações diversas. A validação transcultural e a aplicação de testes de equidade são fundamentais para evitar que viéses ou estereótipos inconscientes influenciem os resultados, oferecendo uma avaliação mais justa para todos os grupos, independentemente de sua origem ou características individuais (Furr, 2010; Reise; Waller, 2009).

Novos desafios

À medida que nos aproximamos do final desta unidade, é essencial refletir sobre como a teoria que aprendemos se entrelaça com a prática, especialmente no contexto do mercado de trabalho em Psicologia. A Psicometria, como uma das áreas fundamentais da Psicologia, fornece um elo significativo entre teoria e prática. Ela não apenas estabelece métodos para medir processos mentais e comportamentais, mas também aplica esses métodos em contextos práticos, como na avaliação psicológica, seleção de pessoal e intervenções terapêuticas.

No cenário profissional, a Psicometria se torna uma ferramenta valiosa para psicólogos e outros profissionais da saúde mental. Os testes psicológicos e as avaliações que utilizam métodos psicométricos são essenciais para diagnosticar, entender e intervir em questões comportamentais e emocionais. Por exemplo, na área de Recursos Humanos, a aplicação de testes de personalidade e aptidão ajuda as empresas a selecionar candidatos mais adequados para as suas necessidades, promovendo um ambiente de trabalho mais produtivo e harmonioso.

Além disso, a Psicometria oferece insights sobre a eficácia das intervenções psicológicas. As avaliações antes e depois de uma terapia, por exemplo, podem demonstrar mudanças significativas no bem-estar do cliente, fundamentando a prática do profissional em dados concretos. Isso não apenas valida a eficácia do trabalho do psicólogo, mas também auxilia na construção de um portfólio profissional robusto, essencial para a inserção no mercado.

À medida que vocês avançam em suas carreiras, lembrem-se de que a integração entre teoria e prática é um elemento crucial para o sucesso na Psicologia. A habilidade de aplicar conhecimentos científicos para resolver problemas reais será a chave para uma atuação ética e eficaz, contribuindo não apenas para o crescimento pessoal, mas também para a evolução da profissão como um todo.

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